quinta-feira, 24 de julho de 2008

Cara solidão,

Desculpe a demora para lhe enviar uma resposta. Andei bastante ocupado durante todos esses dias. Devo, também, pedir desculpas por não ter comparecido ao nosso último encontro. Já havíamos marcado e desmarcado tantas vezes e há tanto tempo. Afinal, explico.

Estive pensando na saudade que sinto de ti. Vivemos bons momentos juntos. Será que agora sentimos medo um do outro? Até pouco tempo não precisava te convidar para uma visita. Éramos como dois grandes amigos. Lembro da última vez que viesses dormir aqui em casa, ao meu lado, me vendo levantar da cama para procurar algo que nunca encontro na geladeira vazia. Eu ia ao banheiro e mirava aquele espelhinho que tu me desses de presente. Sempre me assustei ao ver nele a tua imagem refletida, no lugar da minha. Largava de súbito o objeto e olhava novamente para te observar mudar tantas vezes de corpo, até se transformar no meu que, enfim, podia chorar. Ao voltar para cama, me cantavas algumas canções de ninar e eu adormecia tranqüilo em teus braços. Logo depois, o dia amanhecia. E eu me sentia tão criança quando tentava ficar acordado até a hora de você ir embora, te vigiando para que não fugisses sem despedida, assim como sempre fazia o mal-educado papai noel nas tristes noites natalinas.

Quero, ainda, justificar a minha mais recente ausência. Estive com uma amiga no último sábado. Talvez você também a conheça. Assistimos um filme, conversamos sobre coisas banais. Nos pediram para fazer silêncio, algumas vezes. Eu também faria o mesmo. Sorrimos, gargalhamos. Quando não tínhamos mais motivos, fazíamos cócegas. Ela se foi e eu fiquei, porém, sem ti. Para onde ela terá ido? Não sei. Se você a encontrar, pergunte como foi seu dia, abrace-a, diga que a amo. Não tenha ciúmes porque com ela te traí. Ela saberá, também, te fazer companhia.

Para uma menina linda.

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